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terça-feira, 28 de março de 2017

As doenças que assombram nossos gatos: FIV E FeLV

   O FeLV(Vírus da Leucemia Felina) e o FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) estão entre os causadores de doenças infecciosas mais comuns em gatos. São causadas por 2 diferentes tipos de retrovírus, pertencentes ao gênero dos Oncornavírus (FeLV) e ao gênero dos Lentivirus (FIV), sendo que o FIV pertence à mesma família do vírus causador da imunodeficiência humana (AIDS).
Fiv
   O FIV é responsável apenas pela doença específica dos felinos, não existindo qualquer risco de infecção para o humano. são vírus frágeis e instáveis no meio ambiente, sendo facilmente inativados pelo calor ou por desinfetantes domésticos e detergentes comuns, sem necessidade de utilização de água sanitária de modo prolongado.
   A infecção por algum destes vírus compromete o sistema imunológico do animal hospedeiro, interferindo na sua capacidade de combater infecções, predispondo o organismo a uma variedade de doenças secundárias recidivantes ou persistentes.

   O gato contrai o vírus da imunodeficiência felina através da saliva, quando é mordido ou arranhado por um gato infectado, ou através do contato sexual durante a cópula. As fêmeas podem transmitir o vírus aos filhotes por via transplacentária ou através da amamentação se forem infectadas antes da gestação.
Os sinais clínicos da FIV podem apresentar 5 estágios distintos:
       - Fase aguda: inicia-se de 4-6 semanas pós infecção com desenvolvimento de febre, leucopenia, esplenomegalia e hepatomegalia. Cerca de 4 meses pós infecção pode ser encontrada hipergamaglobunemia devido ativação policlonal inespecífica dos linfócitos B. Os anticorpos contra FIV só começam a ser produzidos pelo sistema imunológico cerca de 3 a 6 semanas após o contágio e tornam-se detectáveis por teste a partir de 4 a 8 semanas;
       - Fase subclínica: animal geralmente sem sintomas, podendo apresentar neutropenia e linfopenia;
       - Fase clínica: gatos podem demonstrar linfoadenopatia generalizada, febre, inapetência e perda de peso;
       - Fase crônica: com manifestações secundárias, como o desenvolvimento de lesões em cavidade oral, infecção no trato respiratório, febre, diarréia, alterações hematológicas (anemia, linfopenia, neutropenia e trombocitopenia), neoplasias e alterações neurológicas;

       - Fase terminal: devido à extrema debilidade do organismo, não têm controle sobre as infecções secundárias e podem desenvolver doenças sistêmicas severas (falência renal, hepática, pancreática ou linfoma);
FeLV
   O vírus causador da leucemia viral felina pode ser transmitido através da saliva, secreções nasais e lacrimais, urina e fezes de gatos portadores. Um gato saudável pode se infectar após lambedura mútua com outro doente ou através de fômites. Os filhotes de gatas infectadas também podem nascer infectados por meio de contaminação transplacentária ou adquirir o vírus durante a amamentação. Cerca de 80% dos filhotes que adquirem o vírus nestas condições morrem na fase fetal ou neonatal, e os que resistem podem manter-se em viremia persistente.
   Após a infecção por FeLV, gatos com o sistema imunológico competente podem combater e eliminar o vírus no estágio inicial. Já os animais com o sistema imunológico debilitado permanecem contaminados, dando origem a diversas complicações sistêmicas, como infecções secundárias, alterações hematológicas e até neoplasias.
   A evolução da doença pode ser classificada em categorias de acordo com a característica da patogenia:
   - Regressiva (viremia transitória ou latente): devido a uma resposta imune eficiente, observado em 30% dos gatos sadios expostos ao FeLV. Podem apresentar testes positivos na fase inicial, mas tornam-se negativos posteriormente, pois o organismo neutraliza o vírus;
   - Progressiva (viremia persistente): devido à falha no desenvolvimento de uma resposta imune efetiva. Geralmente estes animais desenvolvem sintomas e apresentam testes positivos;
   - Latência: o vírus sai da circulação sanguínea, porém permanece sequestrado na medula óssea, replicando-se sem deixar as células, podendo ser responsáveis pelo desenvolvimento de anemias e neoplasias. Podem apresentar testes sorológicos negativos;
   
   Gatos portadores assintomáticos e aparentemente saudáveis podem transmitir FIV e FeLV por não apresentarem sinais clínicos da doença durante semanas, meses ou até mesmo anos após o contágio inicial, tornando-se fontes potencialmente contagiantes para outros indivíduos contactantes.
Sinais Clínicos:
Dentre os sinais clínicos mais comuns observados na FIV e FeLV podem ser citados:
  • anorexia
  • depressão
  • perda de peso/caquexia
  • alterações comportamentais
   Os sinais clínicos estão associados às infecções secundárias e à imunossupressão como:

  • Halitose devido a gengivites ou estomatites
  • Dermatites recorrentes e abscessos
  • Otites
  • Infecções das vias aéreas
  • Enterites
  • Anemia não regenerativa
  • Leucopenia com neutropenia, linfopenia e trombocitopenia ou leucocitose por linfocitose
  • Linfoma
  • Fibrossarcoma
  • Doenças mieloproliferativas
Diagnóstico:
    -Hemograma Completo: para avaliação das desordens hematológicas;
    -Eletroforese de Proteínas: para o estudo da resposta imunológica;
    -Análise Citológica de Linfonodos, aumento de volumes e líquidos cavitários: para identificação de atividade linfocitária e desenvolvimento de neoplasias;
    -Citologia de Medula óssea: para caracterização de doenças mieloproliferativas;
    - Ultrassonografia Abdominal: para identificação de linfoadenomegalia interna, hepatomegalia e esplenomegalia;
    -Testes Sorológicos: qualitativos ou confirmatórios, através de diferentes técnicas (ELISA, RIFI, PCR, Western Blot) a partir de amostras sanguíneas para a detecção de anticorpos contra FIV e do vírus da FeLV.
Prevenção e Controle
    A forma mais eficaz de impedir a disseminação dessas doenças inicia-se com um diagnóstico confiável, devido às diferentes síndromes clínicas. Os animais positivos devem permanecer reclusos e separados dos animais sadios, a fim de se evitar a exposição e propagação dos agentes infecciosos através das secreções.

Fonte: Dra. Claudia Veronica Calamari - Médica Veterinária, MSc, PhD - Colaboração: M.V. Ricardo Duarte Lopes

Publicado por: Pâmela Martins

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